terça-feira, 20 de abril de 2010

O pôr-do-sol


foto: zazo guerra



Ao tentar pela primeira vez dançar nas nuvens, ela percebeu que podia executar alguns novos passos que no chão seriam impossíveis. Então ela se dedicou àquele estilo e acabou se tornando uma experta.
Suas apresentações no firmamento ao entardecer chamavam multidões que a aplaudiam de pé, sem parar. Ela não cobrava nada da audiência pois, como o cenário era gentilmente oferecido pela natureza, normalmente estonteantes pores do sol, não tinha lá gastos consideráveis. E além do mais, ela queria mesmo é que todas as pessoas, ricas ou pobres, a pudessem ver dançar, e, como era nas nuvens, vocês já o sabem, até os que não tinham o Dom da visão a conseguiam ver.
Mas um dia, que pena geral, todos se sentiram tristes ao vê-la cair de lá do céu quando pisou por descuido em uma nuvem que se rarefazia.
No dia seguinte, milhões de pessoas que amaram suas apresentações foram ao campo santo despedir-se dela. Com flores e lágrimas todos queriam ver pela última vez seu rostinho de porcelana.
Os entardeceres nunca mais foram os mesmos desde então.



Kitsin Heidden, Dallas, 1999